quinta-feira, 9 de dezembro de 2010 | By: A garota do blog

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Hoje eu tive medo. De verdade, de cair.
Eu despenquei no meio dos fatos porque as pernas cediam já havia um tempo. Já passavam algumas fases que a minha crença ia indo, fundindo com os atos, as conseqüências, as faltas de medida. Desmedido estava o pavor em mim, de ver você daquele jeito, bem na minha frente.
Não era falta de compreensão. Eu juro que queria entender. Havia anos que a minha vida, pra mim, era simples, líquida, transcorrente pelos meus dedos.
Mas, pelo menos, eu sempre soube que as confusões, misturas, sensações, tumultos, revoltas, amores, bagunças, enfim, tudo existia ali por um porquê, por um - ou vários - motivos que eu mesma criei de um jeito ou de outro, agora, ontem ou depois. Por mais que estivesse difícil, eu sempre tinha estado no controle. Era eu, meu egocentrismo, o meu lado narcizo e a minha coragem de estampar, pro mundo, os meus medos e o meu amor que não consigo esconder.
As nuvens andaram tortas e se confundiram de estação. O céu resolveu escurecer em cima das nossas cabeças mostrando que egoísmo, agora, não ia ajudar muito, não ia resolver o problema, os problemas, os lapsos de sanidade que existem nas vidas das pessoas todas envolvidas. Nós fazemos parte, ao menos disso.
Eu ria, mas tremelicava toda por dentro. Eu queria chorar até alagar todas as burradas pra afundar o que foi e partir dalí. Não dava. Latejava estranho por todas as partes do meu corpo os pecados que eu não cometi. Os joelhos continuavam ralados e sangrando, aquele sangue que escorria ,só não doía mais que a ferida do meu coração. E ele precisava jorrar. E o céu já não era mais azul, era vermelho como no filme onde nada se via, de luz apagada pra sempre. Como se num minuto tivessem roubado todas as nossas certezas e só uma permanecesse. Eu continuava lutando por ele, de mãos fechadas, dentes cerrados e olhos entre abertos.
A gente não podia enxergar tudo porque era a incerteza do muito que confortava de certa forma. Era o medo de um futuro errado que empurrava pra frente. Eu precisava caminhar. Certas ruas ficaram estreitas, hoje o dia perdeu o brilho. A minha música preferida já não dizia muitas coisas porque o meu conceito de amor mudou, e muito.
E eu já não quero brilhos. Percebi, só agora, que a luminosidade me cansa. É na penumbra que os medos se descobrem, se roçam e se encaixam. É na sede de querer se salvar que a gente bebe o outro, gelado ou quente, tanto faz. As sombras, que não têm feição mas sim formato,
me mostraram que eu errei tanto quanto você.
Queria um abraço quente,deitar sobre seu no seu peito até o dia acabar, mais eu vou fechar as cortinas e partir. E você vai fugir de você, porque assim há de ser. Mas eu, vou estar aqui, no escurinho da sua única certeza, te esperando com o amor que eu nunca duvidei poder te dar.

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