segunda-feira, 20 de dezembro de 2010 | By: A garota do blog

Instinto Assassino


Um motivo para matar o amor, por favor - pede ela a esmo. Ela dá as costas, bate portas, faz cantar os pneus no calçamento quente. Morde os lábios com força: não quer usar palavras. Desta vez ficará em silêncio, até que passe a vontade de destruir tudo. Então ela vai embora, acenando um até logo invisível e mudo. Sabe que o amor precisa ser poupado e protegido dela mesma. O põe mais alto e mais longe do que seus próprios instintos possam alcançar. Lá ficou ele - o amor - estático e ileso naquela calçada, vendo-a sair com fúria. Melhor que ele não entenda. Outros motivos, por favor - pede ela a si própria. Para desta vez, não matar o amor. Ela ficará longe até que cesse a sede por corações sangrando. Depois, voltará, e suas palavras serão como bálsamos curando arranhões quase imperceptíveis. O amor nem notará que correu risco de morte.



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